Cenário ao acordar: um bando de passarinhos piava intensamente... enquanto a chuva caía, copiosa e cruel... Interessante batalha campal!!
Tenho cá para mim que nós humanos não somos os únicos a desejar o regresso rápido da Primavera!!
... segundo o ditado, ganhamos uma hora por dia, a mais! A minha mãe costuma até acrescentar que "quem bem contar, hora e meia lhe há-de achar"... Os dias tornam-se, pouco a pouco, mais longos, mais produtivos, mais luminosos. Até o estado de espírito se altera...
Tão bom ir buscar o Nuno e o Duarte e chegar a casa ainda com a luz do sol! Parece que o tempo rende mais e se conseguem articular melhor as diferentes tarefas e actividades do dia!
A "cereja no topo do bolo" seria mesmo, o sol brilhar com mais intensidade e calor!!! S Pedro?...
Boa semana!!
Será que uma boa dose de calorias ajuda?
Não tenho andado lá muito assídua por aqui... a falta de tempo e de "cabeça" são as causas que melhor o justificam! O meu processo de adaptação ainda está longe de atingir o seu auge... pelo meio algumas desilusões, infelizes constatações e muitas saudades...
Felizmente nem tudo é mau!!
Cá em casa demos as boas vindas ao Outono com óptimas, eu diria até, com as melhores novidades: as consultas do Duarte estão, enfim, cumpridas com altas a quase todas as especialidades excepto Desenvolvimento (teremos mais uma consulta lá para Maio para decidirmos se o Duarte entra para a escola no próximo ano lectivo ou no seguinte).
Nas escolinhas do Nuno e do Duarte os dias decorrem com a normalidade desejável. O Duarte adora a nova escola: vai feliz, fica sem alaridos e vem cheio de novidades.
Mas a notícia das notícias, a que merece destaque de primeira página é...
...
...
...
há praticamente duas semanas que o meu amor mais pequeno não faz chichi na cama - aguenta a noite todinha sem precisar de se levantar!!! A máquina da roupa já se ressente, é certo, mas não há reclamações! (sobretudo da minha parte!).
E não ficamos por aqui no que diz respeito a novidades! O Duarte aprendeu, finalmente, a andar de bicicleta - todos os fins de tarde é vê-lo zarpar "mundo" fora!! ("eu pelado devagar, mãe!"). O pior é que a bicicleta já começa a ser pequena para um rapazinho tão crescido!!
- Mãe, hoje peladei muito!!
- ????
- Hoje peladei muito... e depois sastionei a bicicleta!
Amanhã o Duarte tem mais uma consulta. Como é em Coimbra, no Pediátrico, terá de faltar à escola.
Ao fim da tarde estive a conversar com ele sobre essa consulta... Que não ia custar nada... que só teria de abrir uma boca de leão para o Doutor poder ver o seu sininho...
Preocupação imediata do piolho: «Está bem, mãe, mas primeiro tenho de ir à escola!!». Para quem me deixou tão aflita, há uns dias, por temer a sua adaptação à nova escola...
No início da semana foi a pastilha elástica... O Duarte nunca tinha experimentado uma. Eu bem tenho adiado o momento mas desta vez lá permiti! - O Nuno iniciou-se nestas lides tinha quase seis!
Estranhou? Nem por isso... Entranhou? De certeza... depois disso todos os dias pede mais uma ("eu não engólo!") embora nem sempre seja atendido o pedido. Já me chega o seu vício por caramelos... ele "vende" beijos aos avós a troco de caramelos!!
E hoje, o baptismo de cinema!! A sua primeira ida ao cinema!
Fomos ver "Up, Altamente". Aiii, não correu nada bem!! Primeiro foi a aventura com os óculos 3D tamanho XXL... o rapaz já gritava de desespero! Acabou por desistir deles pois estavam sempre a cair... E depois da primeira meia hora de filme só se ouvia naquela sala: "vamos p'ra casa! porque é que não vamos pr'a casa? é agora? vamos para casa?"
Algo me diz que tão cedo o Duarte não volta ao cinema!!
Se há momentos (bons momentos) destas férias que ficarão registados na minha memória por muito tempo, um deles (nada agradável por sinal!) dificilmente será esquecido por mim enquanto a consciência me acompanhar...
"Perdemos", "perdeu-se", "perdeu-nos" o Duarte... por vinte longos, longuíssimos minutos... Ainda agora me arrepio ao recordar o momento! A sensação é indescritível, a impotência, o desnorte toma-nos conta da razão... e os relatos que vamos ouvindo, que nos chegam através da comunicação social só agravam o desespero do momento!
Segundo dia de férias... decidimos tomar café junto ao porto de abrigo, a cerca de 500 mts da casa onde ficámos... Na volta parámos junto a um circo que exibia os seus animais a quem os quisesse ver e observámos o carrossel que girava mais à frente... O Duarte quis experimentar, como sempre, mas dessa vez não permitimos e continuámos a caminhar em direcção a casa... Parámos mais uma vez, para entrar numa lojinha quando, numa questão de segundos, deixámos de ver o Duarte... Ao início achámos que estaria ali ao lado, que teria entrado na loja à nossa frente, mas depressa verificámos que não estava em lado nenhum... Começámos a chamá-lo, a entrar em todas as lojas ali situadas, a perguntar às pessoas se tinham visto uma criança... Do outro lado da estrada, a praia. Pensei que talvez se lembrasse de atravessar a estrada e ir brincar para a praia, corremos para lá, chamámos, andámos por ali pela praia, algumas pessoa juntaram-se e procuraram ajudar... Tentámos raciocinar (eu já nem me conseguia lembrar de que cor estava vestido para informar as pessoas que queriam ajudar!)... Voltámos atrás, quem sabe não teria ido para junto do circo ou do carrossel... nada! Voltámos à lojinha... a senhora, vendo-nos tão aflitos, chamou a polícia... o Nuno chorava!! Pela minha cabeça passavam todo o tipo de pensamentos: Levaram-no? Não podia ser, ele gritaria a plenos pulmões, estávamos na rua, alguém teria visto... Afastou-se pelo próprio pé? Então porque ninguém tinha visto uma criança sozinha nas redondezas?
Num momento de lucidez, pedi ao meu marido para continuar a procurar por ali, ao Nuno para ficar com a senhora da loja e pus-me ao caminho em direcção a casa, quem sabe teria decidido regressar sozinho!
Que caminhada dolorosa, a minha cabeça já fazia todo o tipo de filmes, a minha esperança ia-a depositando em Deus... Chegada ao prédio verifiquei que a porta estava fechada (algumas vezes está aberta) e, não sei bem explicar porquê decidi avançar um pouco mais antes de subir ao segundo andar... Foi aí que o avistei, a mais de 500 mts do local onde o perdemos, a chorar, sozinho, caminhando na direcção oposta à que nos encontrávamos! Agarrei-o, abracei-o forte e deixei extravasar todas as lágrimas que andavam aqui às voltas há algum tempo!! Telefonei ao meu marido que ficou mais um pouco no local à espera da polícia que demoraria mais uns bons 15 minutos...
O Duarte só dizia: "vocês pederam-me!!!", "eu toquei à campainha lá em casa e vocês não abiram a porta!!"
Em jeito de conclusão, que o relato já vai longo, tenho que admitir que o Duarte tem um bom sentido de orientação, voltou a casa, ao prédio, ao segundo andar, à porta exacta de sete, atravessando cerca de seis ruas com trânsito, pelo meio de uma multidão que por ali passeava naquele sábado... Só me custa verificar que nestes 500 mts ninguém tenha reparado numa criança sozinha a chorar... Ou deverei concluir que ele vinha tão determinado em chegar a casa que não chorou no trajecto até ao apartamento? Não consegui que me explicasse este aspecto...
Felizmente esta história acabou bem... Não desejo tal sofrimento a nenhuma mãe!!
... de momentos partilhados!!
Como passa rápido o tempo!! Parece ainda tão recente o momento do SIM!! O padre chamando pela noiva, que como noiva que se preze chegou atrasada... o noivo a achar que ficava sem noiva no altar... a lagrimita a saltar no momento tcham!
O nosso amor já é pré-adolescente!! E deu frutos... tão bons!!
Parabéns a nós!! Venham mais dez!!
Por estes dias vem-me, inevitavelmente, à memória o melhor e pior episódio que nos ocorreu na nossa vida de casados!! Lua-de-mel fantástica, oferecida pelos meus pais, no sul de Espanha... Tudo correu na perfeição - o apartamento, a praia, a piscina, o jacuzzi, a sauna, sobretudo a companhia eh eh... No último dia, quando nos preparávamos para regressar... onde está o carro? um todo-o-terreno, emprestado especialmente para a ocasião!! Roubaram-nos na última noite de férias. Nunca mais reavemos o carro! Foi um dia para esquecer, como devem calcular, uma mancha das grandes no nosso início de vida a dois!!
A Carla vive uma situação de quase abandono por parte dos pais... nota-se ali uma grande carência afectiva colmatada, na medida do possível, pelo excesso de mimos que lhe dedica a avó com quem vive.
Graças a essa avó, que entre grandes dificuldades económicas lá vai conseguindo uns troquinhos(?) para fazer a neta feliz (e seus outros 4 irmãos), a Carla foi trazendo para a escola ou foi referindo a compra de determinados objectos que, quanto a mim, ficam muito aquém das reais necessidades desta rapariga (13 anos!). Quando falo em necessidades refiro-me às mais básicas: higiene e alimentação!
Assim, um dia apareceu o telemóvel "Alô Kitti" (as aspas indicam as palavras exactas da Carla). Outro dia contava-me da "cambrinha" para "pôr no comptador e ver a outra pessoa" e do "hotmail" que serve para conversar através do computador. Havia o "P4", que atirou ao chão e destruiu sem cerimónia...
Mas há outras expressões engraçadas e típicas da Carla: os colegas eram "sobretudos", iam a visitas de estudo e ela não. Apesar da minha insistência, vencia a sua persistência nas "xanelas", nos "xogos" e nos "xelados"...
E a sua expressão mais comum? Nunca faltava um despreocupado "temos pena!" para qualquer situação:
Enfim, Carla... quem tem muita pena de não poder continuar a brincar com o teu português nem a tentar terminar o nosso grande objectivo de te levar a aprender a ler e a escrever, sou mesmo eu! "Temos meeeesmoo muita pena"!
Como já referi anteriormente, uma das escolas onde vou dar apoio situa-se junto à praia... E hoje, os meninos tiveram direito a tarde na praia e banho de mar!!!
Quem diria que euzinha um dia ainda havia de "trabalhar"... na praia?! Claro que não ia preparada... claro que o apanhei - em cheio nos meus tenros e alvos bracinhos - o danado do escaldão!!! Aiii não há mesmo "bela sem senão"!!
Já ouviram falar em "bronzeado de camionista"? Pois... imaginem-me!!
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